segunda-feira, 14 de julho de 2014

assunto:

Existe uma forma de arte, de prosa, de literatura, que está oculta de nós. Mas porque simplesmente não damos atenção e muito menos o devido valor. É algo que atualmente está na vida de todos e sempre me intrigou muito, geralmente tendo que me dedicar um bom tempo para essa obra prima.
            O que preencher no campo: “assunto”, no e-mail? Taí uma obra das mais finas e exemplares que implodem nas nossas caixas de entrada e nem sequer damos bola. O que colocar como assunto? O objetivo central do e-mail? Às vezes a particularidade que quero evidenciar? Como mando o e-mail para o médico? “Paciente de ontem – hemorroida”? Ou ficaria melhor: “Olá Dr Pedro!”? OU “Tá doendo, pelo amor de Deus!!”. Já passamos também pelo comum:  “Victor Brunetti – e-mail”, geralmente porque somos imbecis demais para deduzir que isso já é um e-mail e nosso nome já está no outro campo, o famoso “De:”.
            Julgo isso uma forma de arte. Das mais simples, que desafiam nossa mente em resumir e sintetizar um e-mail, que pode ter uma linha ou um milhão delas. Um exercício difícil. Hitchcock dizia que a gente sempre precisava saber contar nossos filmes em 1 minuto. Nada mais justo ter de resumir seu e-mail em poucas palavras.
            Mas fico incomodado com uma questão apenas. Não me perturba o fato de o “assunto” ser variado, diverso, idiota, pequeno, grande, com seu nome ou não. Me incomoda, e isso é profundo, os sujeitos que são levados pela máquina. É insuportável, das piores dores desse inferno terrestre, receber um e-mail e o assunto ser: “RES: ENC: RES: RES: ENC: RES: ENC: RES: RES Oi!”.
            Não sou louco. Apenas valorizo uma pequena arte que passa voando tantas vezes no nosso dia. Em uma linha e poucas palavras, esta obra prima te gera ódio, felicidade, suspense, empolgação, medo, curiosidade e, de vez em quando, vírus. Algo que deve ser preservado em museus, valorizado como uma pintura renascentista.
            O e-mail me cobra: “Deseja enviar esta mensagem sem assunto?”. Não, nunca, jamais. Somos artistas e valorizamos a arte nossa de cada dia. E você também deveria.


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